O empoderamento feminino e a transformação por meio da arte foram tratados pelo programa ‘Toda Mulher’ desta quarta-feira (8), na TV Assembleia. A convidada foi a atriz Cris Cardoso, que soma 20 anos de carreira, é formada pelo Teatro Macunaíma e é uma das fundadoras do Grupo de Pesquisa Abluir de Teatro.

“A arte é o que faz me sentir útil no mundo. É realmente o que traz a minha essência, está para além de um sonho. É como uma necessidade física, fisiológica”, resumiu Cris Cardoso, que é pós-graduanda em Comunicação e Oratória.

Ela destacou que, além dos destaques nos palcos de São Luís, tem muitos talentos trabalhando no interior do Maranhão, levando a arte adiante e aguardando uma chance de ocupar espaços de cultura. “É muito árduo o nosso ofício. Então, eu fico muito feliz quando vejo uma apresentação na rua, ou mesmo por vídeo, de pessoas que estão ralando mesmo, ainda não são conhecidas, mas dá para ver o talento”.

Na visão de Cris Cardoso, a profissão ainda é vista com muito preconceito pela sociedade. As redes sociais, segundo ela, contribuem para desvirtuar o papel do ator/atriz nesse cenário porque acaba dando visibilidade a pessoas que apenas fazem dancinhas ou têm muitos seguidores, sem levar em conta o talento de cada um.

“A gente já sofre pela desvalorização da profissão”, comentou, referindo-se ao fato de que muitas pessoas não encaram a arte de representar como um trabalho. “A gente resiste muito em prol desse nosso trabalho, em prol do que a gente acredita”, disse.

“Devaneios de Maria”

Durante a conversa com a jornalista Márcia Carvalho, a atriz abordou a peça “Devaneios de Maria”, dirigida por Cássia Pires, que trata sobre violências sofridas por mulheres, incluindo a doméstica, o assédio e outras, e que foi apresentada no Festival Satirianos, em São Paulo.

“Esse trabalho é como um grito nosso”, assinalou, relatando que o espetáculo nasceu a partir de um caso de agressão de mulher pelo namorado, registrado em São Luís, com grande repercussão. Na época, mulheres se uniram em um grupo de WhatsApp para promover atos de combate à violência e acabaram falando sobre as experiências de sofrimento e dor que viveram. Os relatos foram trabalhados e servem de pano de fundo para o espetáculo.

“No palco, eu dou voz a todas essas Marias, que são chamadas de loucas, e por isso ‘Devaneios de Maria’”, disse Cris Cardoso. E complementou: “Eu sempre me emociono no final do espetáculo, porque vejo no olhar das mulheres a identificação e, depois disso, recebo muitos abraços de agradecimento”.

FONTE: ALEMA