Grupo reflexivo do MPMA encerra mais uma turma

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Grupo reflexivo do MPMA encerra mais uma turma

O Ministério Público do Maranhão encerrou, na última sexta-feira, 10, mais uma turma do Grupo Reflexivo para homens em São Luís, sob coordenação da Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher. A atividade foi realizada na sede da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (Ampem), localizada no Calhau.

De acordo com a promotora de justiça Selma Souza Martins, titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher, o objetivo do Grupo Reflexivo é conscientizar homens que sofreram sanções referentes a medidas protetivas por violência doméstica, por meio de encontros semanais nos quais são debatidos temas como tipos de violência, habilidades sociais, entre outros.

“Mais de 70 homens já passaram por esse grupo aqui de São Luís. É mais uma edição em que eu percebo que é o caminho certo: conversar com os homens sobre o que é violência, o porquê da Lei Maria da Penha, sobre saúde integral do homem, uso de substâncias entorpecentes. Aqui desmistificamos muita coisa sobre o papel do homem na sociedade porque o que queremos é que não haja mais violência”, destacou.

Nos 16 encontros realizados, também foram abordados outros temas como alienação parental, divisão dos bens, além de discussões propostas pelo próprio grupo. A cada turma, novas atividades são propostas, como cozinha terapêutica e artes plásticas. “Na primeira equipe, trabalhamos com pintura para que eles se expressassem de forma mais livre. Com o segundo grupo já foi um trabalho mais prático, com uso de reciclagem para confecção de itens natalinos. No começo, eles se sentem retraídos, mas ao final eles não querem parar de fazer os trabalhos manuais. Foi muito bom para eles”, contou a professora de Artes Laíse Siqueira.

COMUNICAÇÃO

Para a psicóloga Denyse Campos, coordenadora do Grupo Reflexivo, os grupos nunca são finalizados, pois sempre são acrescentadas novas temáticas. Segundo ela, um dos problemas que os participantes mais trazem para o grupo é a questão da comunicação. “O homem tem uma maneira de se comunicar muito mais passiva. Já as mulheres se sentem mais à vontade para conversar porque desenvolvemos isso na nossa própria criação. Eles têm mais dificuldade de se expressar, então a gente trabalha isso no grupo, porque a comunicação é a base para qualquer relacionamento saudável”, analisou.

Durante a avaliação final da turma, os participantes compartilharam um pouco de suas histórias e disseram o que aprenderam ao longo do grupo. Para eles, o grupo é uma oportunidade de aprender, mas também de ser ouvido sem julgamentos, como enfatizou o vigilante Adonias Pereira Leite.

“De início, a primeira reunião foi um choque porque a gente não sabe o que vai acontecer. O que a gente imagina é que vai sofrer preconceito, porém fomos muito bem recebidos. O pensamento da gente é melhorar, sempre temos que abrir os braços para o saber. Mudei muito os meus planos, minhas opiniões, vejo o mundo de outra forma. Achei muito saudável. A gente sai da reunião pensando em se tornar uma pessoa melhor. Sempre saímos muito empolgados”, avaliou.

PADHUM

Segundo a promotora de justiça Selma Martins, no Maranhão, os primeiros Grupos Reflexivos foram criados em Imperatriz, por meio da atuação da promotora de justiça Alline Matos Pires, e depois em Açailândia, pela promotora de justiça Sandra Garcia, que atualmente coordena o Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência de Gênero (CAOp Mulher). Em São Luís, experiência começou a ser realizada em 2020.

“A promotora de justiça Érika Canuto, do Rio Grande do Norte, que já tem essa experiência há bastante tempo, com índice de reincidência zero. Ela veio e fez essa capacitação de toda a Rede Amiga da Mulher”, explicou Selma Martins.

Para aumentar ainda mais a criação dos grupos reflexivos, a ação foi incluída como uma das estratégias de defesa da mulher previstas no Programa de Atuação em Defesa de Direitos Humanos (PADHUM), realizado pela Procuradoria Geral de Justiça por meio da Secretaria para Assuntos Institucionais (Secinst). “O Dr. José Márcio (diretor da Secinst) percebeu a importância desse grupo reflexivo e lançou para alguns colegas, que aderiram e vão passar por uma capacitação que daremos a eles para que possam criar os seus grupos”, contou a promotora de justiça.

 “O que eles mais levam do Grupo Reflexivo é a importância do diálogo. No lugar da violência, o diálogo. Queremos banir a violência dos lares por meio do processo de educação. A gente só muda esse país com educação”, finalizou Selma Martins.

FONTE – MPMA