“Adote um Casarão” consolida trabalho do Mandingueiros do Amanhã

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“Adote um Casarão” consolida trabalho do Mandingueiros do Amanhã

A experiência vivenciada pelo Centro Cultural e Educacional Mandingueiros do Amanhã, depois que conseguiu um imóvel, por meio do Programa Adote um Casarão, para realizar suas atividades culturais e educativas, é um exemplo de como o investimento público é capaz de abrir caminhos para a consolidação do desenvolvimento sustentável no Centro Histórico de São Luís.

O Adote um Casarão proporcionou ao Mandingueiros do Amanhã a possibilidade de ter um imóvel para uso, por até 30 anos, o que está possibilitando ao grupo a estabilidade de investir e planejar atividades a longo prazo. O planejamento não era possível de ser feito, anteriormente, pois as ações aconteciam em imóveis alugados ou com autorização de uso instável por parte do poder público.

Com um local exato para realizações de suas ações, o Mandingueiros do Amanhã está se estruturando para ser um importante centro cultural e educacional no Centro Histórico de São Luís.

Kleber Umbelino Lopes Filho (mestre Bamba) e Valdira Barros são os idealizadores do Mandingueiros do Amanhã. Eles trabalham, desde 1996, para concretizar esse sonho. Há 25 anos, oferecem, de forma gratuita, serviços culturais e educacionais a crianças e jovens da área central de São Luís, ampliando, depois, para quilombos do interior do Maranhão.

Com o novo imóvel, de dois pavimentos, adquirido por meio do Programa Adote um Casarão, eles fazem planos de novos tempos para o grupo. O prédio está localizado na Rua da Estrela – 163, em frente à Rua Portugal, na Praia Grande.

Nova sede do Mandingueiros do Amanhã (Foto: José Reinaldo Martins)
O primeiro piso está sendo projetado para a realização das oficinas. Terá uma lanchonete e instalação de uma lojinha para venda de artigos dos grupos de capoeira e produtos de comunidades quilombolas do interior do Maranhão.

No segundo piso haverá uma sala multimídia, sala de informática, uma brinquedoteca e um estúdio de gravação (homestudio) para ser usado pelos segmentos da cultura popular maranhense. A luta agora, afirma mestre Bamba, é ter os recursos para tocar as obras iniciadas no imóvel. “Estamos pensando em um espaço confortável para as crianças, jovens, adultos e idosos participarem de nossas ações”, anunciou Bamba.

Atividades como a do Mandingueiros do Amanhã ajudam a elevar a qualidade de vida dos moradores da área central de São Luís, o que é uma das metas do Adote um Casarão. O programa, do Governo do Estado, é executado pela Secretaria de Estado de Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid). Faz parte de um programa mais amplo, o Nosso Centro, que reúne ações de diversas secretarias de Estado.

O secretário de Estado de Cidades e Desenvolvimento Urbano, Márcio Jerry, parabenizou a iniciativa do Mandingueiros do Amanhã, que participou do edital do Adote um Casarão, vencendo diversos concorrentes, incluindo grandes empresas interessadas.

Marcio Jerry ressalta que o Adote um Casarão, no âmbito do programa Nosso Centro, é um ativo muito importante que o governador Flávio Dino oportunizou para revitalizar e valorizar o patrimônio histórico maranhense, gerando empregos e incentivando o empreendedorismo. “São prédios que estavam em desuso e que, agora, vão atender à população. O resultado desse trabalho é um ganho social e cultural, pois o Governo do Maranhão dinamiza a economia gerando trabalho e renda”.

Obras

Mestre Bamba mostra a obra iniciada na nova sede do Mandingueiros do Amanhã (Foto: José Reinaldo Martins)
Mestre Bamba afirma que a realização das obras na nova sede do Mandingueiros do Amanhã está sendo um desafio. Os valores dos projetos de recuperação estrutural e o arquitetônico superaram em mais de 100% o orçamento inicialmente previsto.

“A gente conquistou a nova sede, após participarmos da concorrência pública do Programa Adote um Casarão, mas temos o desafio de cumprir com a contrapartida que é recuperar e manter o prédio adotado”, explica mestre Bamba.

Os serviços iniciais para uso do imóvel, que estão sendo realizados dentro das regras sanitárias necessárias neste tempo de pandeia da Covid-19, devem custar uma média de R$ 100 mil. Já foram gastos cerca de R$ 30 mil, e o grupo está fazendo a Campanha Reforma do Casarão dos Mandingueiros do Amanhã, voltado para a arrecadação de recursos. As doações podem ser feitas por meio da agência: 1612-8, Conta Corrente: 29542-6 (Banco do Brasil).

História de Luta

Crianças participação de atividade promovida pelo Mandingueiros em quilombo, no interior do Maranhão, em 2019 (Foto: Divulgação)
Mestre Bamba define o Mandingueiros do Amanhã como um espaço voltado para o desenvolvimento dos sentimentos de cidadania entre crianças e adolescentes.

A história do Mandingueiros do Amanhã começa em 1996 quando Mestre Bamba e Valdira Barros oferecem aulas de capoeira para crianças e jovens da área dos bairros da Madre Deus e Goiabal. No ano seguinte, no dia 12 de abril de 1997, foi criada a Escola Comunitária de Capoeira Angola Mandingueiros do Amanhã, que deu origem ao Centro Cultural e Educacional Mandingueiros do Amanhã. A oficialização da ONG aconteceu em 2003.

Da área da Madre Deus, eles deram continuidade ao trabalho em um imóvel alugado, no Beco da Prensa, no Centro Histórico, até a transferência para um espaço, no segundo andar de casarão, cedido pelo poder público, na Rua Portugal esquina com o Beco Catarina Mina. “No prédio da Rua Portugal era tudo incerto, pois, a qualquer hora, o Estado podia pedir o imóvel de volta; por isso, não planejamos investimentos estruturais por lá”, explica Mestre Bamba.

Em toda essa trajetória do Mandingueiros do Amanhã, as atividades foram sendo ampliadas com a oferta de oficinas de bumba meu boi, de tambor de crioula e a criação da Orquestra de Berimbau. Foi necessário a criação de uma equipe, de 12 a 15 pessoas, entre pedagogos, capoeiras e artistas, formada e selecionada entre ex-alunos das atividades do grupo.

O público que participa das ações são crianças, a partir de 4 anos, até idosos, todos de famílias de baixa renda. Mas, a maioria é formada por crianças e adolescentes. Moram no Centro Histórico de São Luís e áreas próximas, como a Madre Deus, Goiabal, Lira, Belira, Camboa etc. Há, também, público da área do Itaqui-Bacanga.

Manter essas atividades, de forma gratuita, com remuneração da equipe, não é uma tarefa fácil. Uma das saídas encontradas foi participar de edições de editais culturais, entre os quais o Capacitação Solidária (Governo Federal), Criança Esperança (Rede Globo e empresas privadas) e os promovidos pelo Banco da Amazônia (Basa) e a Petrobras.

Com a nova Sede, Mestre Bamba projeta uma prioridade maior para crianças e idosos que moram no Centro Histórico. “Os moradores do Centro Histórico são invisíveis, pois é um lugar que as pessoas que é só comércio e repartições públicas”.

Por causa da pandemia da Covid-19, as atividades culturais e educativas do Mandingueiros do Amanhã foram suspensas, desde em março do ano passado. Mas, em média, são atendidas cerca de 250 crianças por cada temporada de oficinas culturais e educacionais.

Quilombos

Em 2003, o grupo Mandingueiros do Amanhã passou a atuar, também, no território quilombolas no interior do Maranhão. No município de Santa Rita, as atividades são nos quilombos Santa Luzia e Fé em Deus. Em Itapecuru-Mirim, nos quilombos Santa Rosa dos Pretos, Santa Joana, Santa Maria e Morros. Em todos esses locais foram criados núcleos com coordenadores formados nas atividades culturais e educacionais realizadas do grupo.

Adote um casarão

Adote um Casarão integra o Programa Nosso Centro. Foi criado pelo governador Flávio Dino em 2019. Tem por objetivo tornar o Centro Histórico de São Luís referência em renovação e desenvolvimento sustentável, preservando seu valor histórico e cultural. Já foram disponibilizados 10 imóveis aos participantes.

A superintendente da Habitação da Secid, Arlene Vieira, explica que o programa disponibiliza, por meio de editais, imóveis pertencentes ao Governo do Estado, no Centro Histórico de São Luís, que esteja sendo subutilizados ou estejam vazios. O adotante, em contrapartida, deve revitalizar e manter o imóvel e fazer uso, exclusivo, para as atividades que indicaram no contrato.

É focado em ações de fomento nas áreas comercial, cultural e de lazer. Podem participar dos editais empresas privadas e grupos culturais. Pessoa físicas também, mas se ganharem, devem constituir uma pessoa jurídica para assinar o termo de adesão ao programa.

FONTE – MA.GOV.BR